quarta-feira, 9 de junho de 2010

O Menino e o Castelo

            Havia um menino solitário. Não conhecia ninguém. Vivia completamente sozinho. Dedicava sua vida a construir castelos. Castelos de areia.
            Todos os dias ele acordava cedo e ia para a praia. Levava seu balde e sua pazinha. Sentava-se na beira do mar e começava a construir suas obras arquitetônicas. Cada novo monte de areia, cada novo desenho na escultura era pra ele uma conquista. Depositava ali todos os seus sonhos. Após construído o castelo, ele se sentia um herói. Era como ter o mundo em suas mãos.
            O tempo passava e maré subia. As águas se aproximavam da praia. Aos poucos alcançavam sua construção, levando-a embora nas espumas de suas ondas.
            No outro dia estava lá o garotinho. Não desistia. Queria construir um castelo que durasse pra sempre. Sentava-se novamente e cavava. Juntava areia. Molhava-a. Começava novamente a erguer sua fortaleza. Ao fim da tarde estava pronta. Entretanto, novamente o mar ousava em roubar-lhe as esperanças e levava embora o castelo que ele havia construído.
            Assim foi por muitos dias. O menino dedicava seu tempo e esforço construindo o que as águas em instantes tomariam para si. Mesmo assim ele desafiava aquele gigante azul. Sempre esperando que um dia seria mais forte do que ele. Porém, isso jamais acontecera.
O garotinho desolado passou a procurar novos lugares na praia onde pudesse construir seu castelo. Um lugar onde aquele mar sem coração não pudesse tomá-lo. Procurou. Percorreu tantos caminhos quanto eram possíveis pra ele. Mas sua busca não foi em vão. Encontrou um espaço onde nada, nem mesmo as ondas da maré cheia, seriam capazes de alcançá-lo. Era um lugar perfeito. Perfeito para erguer sua fortaleza.
            Tomou suas ferramentas em mãos e dedicou-se com todo afinco, de uma maneira que nunca tivera feito antes. Deu tudo de si. Ao cair da noite estava pronto. Era sua maior obra, a mais genial. Era seu melhor castelo. O garoto depositou nele todos os seus sonhos e esperanças. Porém, já era noite. Ele precisava ir pra casa.
            A noite era fria e a brisa do mar parecia avassaladora para aqueles muros de areia, mas ele resistiu ao tempo. Quando no outro dia o garoto voltou para vê-lo, ele estava lá. Entretanto, tudo aquilo havia sido desgastante. O castelo já não era mais o mesmo do dia anterior. Por mais que o menino tentasse restaurá-lo, ele não seria mais o que era. Suas paredes já não eram tão fortes. Suas pilastras já não suportavam tanto quanto antes. E mesmo com todos os esforços daquele garotinho para que ele não ruísse, ao fim da tarde o castelo veio ao chão.
            Ao ver aquilo, o menino sentiu as lágrimas escorrerem sobre seu rosto. Tinham desmoronados seus sonhos, suas esperanças. Desconsolado, ele voltou pra casa. Suas ilusões tinham se desmanchado como castelos de areia.

Fim

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