domingo, 25 de dezembro de 2011

Não Ser

Mirado no exacerbo das rimas
Dos grandes poetas,
Vi meu lírico eu
Surdo,
Cego,
Silente...
Entregue à sorte.
Fadado à morte.
Incapaz de perceber,
Encantar, ou mesmo contentar-se
Com a beleza dos brancos versos.

Queria-as...
– As rimas –
Ah, como queria-as!
Emparelhadas, interpoladas, alternadas...
Raras, ricas,
Pobres que fosse...
Não importaria.
Desde que, no fim,
Saciassem seus ouvidos
Com sua melodiosa homofonia.

Entretanto, como foge
Ao seu caçador
A mais astuta das presas,
Fugiam-lhe.
E a pena repousava esquecida,
No silêncio do poeta.
Mas seria poeta de fato
Se nem sequer rimar sabia?

Talvez, na sua imensa presunção,
Apenas preferia se chamar assim.