domingo, 11 de julho de 2010

Um Conto Alegre

            Ele era um jovem escritor. Tinha um talento nato, que nem mesmo ele acreditava ter. Porém, sua inspiração – afinal todos os artistas precisam de uma – vinham dos seus momentos de tristeza. Talvez porque ele jamais tivera experimentado um sentimento que não fosse esse.
            Certa vez lhe pediram que escrevesse um conto. Não importava o tema, desde que  tivesse um final feliz. Para muitos parecia fácil. Para ele, era a mais árdua das tarefas.
            Começou então sua maratona. Pegou uma folha e se pôs a escrever. Buscou exaustivamente um título. Nada lhe vinha à cabeça. Quaisquer coisas que pensava pareciam não ter sentido. Minutos se passavam. Horas. Ele continuava lá. Caneta em mãos e a folha, que continuava em branco.
             Talvez seja melhor começar pelo texto, pensou.
       Pôs-se a trabalhar. Mas suas ideias pareciam desconexas. Escreveu algumas palavras. Olhou bem pra elas. Não era o que queria. Amassou a folha e a arremessou no cesto de lixo. Pegou outra. Tentou novamente. Outra vez o seu texto parecia mais uma mistura de palavras perdidas do que um conto. Mais uma pro cesto.
            Passaram-se horas. Dias. Semanas. Ele continuava com uma folha em branco e, agora, imerso em um mar de bolinhas de papel. Não queria desistir, mas já não aguentava mais.
            Contudo, num ímpeto, fora acometido de um momento de inspiração. Abaixou a cabeça  e começou a escrever. Não parou até que estava terminado. Pronto!
            Havia concluído sua obra. Um conto que não terminava em tristeza ou lágrimas. Um conto dedicado à felicidade:
            “Era uma vez a felicidade... Fim” – Nada mais poderia escrever sobre algo que desconhecia. Sobre um sentimento que jamais sentira.

Fim

Nenhum comentário:

Postar um comentário