quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sinto...

           As mãos dela tocaram as dele. Deslizaram sobre seu tronco, e aqueles delicados braços o envolveram. “Eu te amo”, disse a garota.
            Tinha a respiração forte e o pulsar do peito podia facilmente ser ouvido. Estava envolta em emoções e sentimentos; brilhavam os seus olhos. Mas essa era ela...
            Tão frio quanto uma estátua de mármore, ele sentia o corpo dela junto ao seu. Entretanto, resistia sem hesitar a quaisquer gestos ou afetos. Não trazia nada mais do que um olhar vazio, do que o desprezo. Esse era ele...
            Não houve resposta senão o silêncio.
            Os olhos dela, castanhos, suplicantes, derramavam a primeira lágrima. Afastou-se. Tomou as mãos dele para si e as apertou fortemente, como se quisesse dizer algo. Levantou os olhos, tristes e úmidos, e mirou os dele, vazios; azuis:
            - Eu te amo! Repetiu.
            Ele desviou o olhar e, por mais alguns instantes, permaneceu calado. Essa era sua única resposta: o silêncio.
            A frieza a maltratava mais do que a mais dura das palavras. Pouco tempo bastou até que a primeira lágrima se fizesse pranto.
            - Sinto muito... – disse o rapaz, findando o seu silêncio mortal.
            Para a garota, sentir muito não bastava. O rapaz, contudo, não tinha mais nada a oferecer. Permaneceu quieto, olhando-a, tentando, por mais de uma vez, sentir qualquer emoção que fosse. Mas foi em vão. Quem realmente sentia, era ela. Ele não sentia absolutamente nada.
            Ainda apertando fortemente as mãos dele, ela ajoelhou-se. Fitou-o com seus olhos vermelhos. Implorou. Ele não disse nada. Soltou suas mãos das dela, deixando-a lá, no chão, em prantos. Virou-se. De costas, sem nem mesmo olhá-la, ele disse:
            - Adeus!
            Partiu.
            Aquelas seriam suas últimas palavras. Não importava o que ela fizesse, não importavam as súplicas; era o fim.

Um comentário:

  1. só quem já viveu um amor não correspondido entende o que é isso... Muito bom seu conto, Eduardo =)

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