Desperto, desbrava a noite
Repousado sobre os lençóis
De apenas mais um dia comum
Numa luta que lhe consome
Senão o corpo, talvez a alma
Agarra-se à esperança
Aflige-se da invulnerabilidade
Que a noite contempla
Enquanto anseia pelo fechar dos olhos
Que jamais virá
Sente o clamor de suas entranhas
Mas não se vê capaz
De entregar-se tão vulneravelmente
Ao Tãnatos que à noite o espreita
Sem jamais tocá-lo
Busca, em vão, pelo homem de areia
Condenado a sonhar
Na vigília do pensamento
Sem que, na ternura da noite,
Se deleite no afago das plumas do adormecer
Como o morcego de Augusto dos Anjos
Que feio igual a um olho
Não há de se abater com qualquer ferrolho
Persistente, a consciência se mantém
Invadindo o quarto e o pensamento
Assim, por mais uma noite
Madrugada adentro
O corpo se desfalece
Mas resistem os olhos
Enquanto forte e imponente
Ela permanece
Em muitos momentos de nossas vidas sentimo-nos como se estivéssemos fora da realidade. Nesses momentos libertamos nossas mentes de tal forma que nossa possibilidade de criação se torna praticamente infinita. Alguns optam por ignorá-la. Eu optei por transformá-la em palavras. Palavras essas que estarão gravadas aqui de hoje em diante.
quarta-feira, 5 de junho de 2019
Dissonância Cognitiva
Olhar o passado
Vivenciar a amargura
Daquilo que nunca fui
Sentir falta do não vivido
Como se fosse assolado
Por uma grande perda
Do que jamais tive
Sonhos desfeitos pelo tempo
E também pelas más escolhas
Tempo, que agora nos cobra
Voraz, nos devora
Como se um piscar de olhos
Fosse suficiente
Para nos separar de nós mesmos
No desalento daquilo que poderia ser
Mas jamais será
De onde viria, porém, a sabedoria
Senão dos erros cometidos?
Comedidos? Nem um pouco
Na sede impulsiva
De uma juventude
Que jamais retornará
Um sonho perdido no passado
Apenas mais um entre tantos outros
Que um dia já deixei de sonhar
Mas não foram outrora os sonhos
Mais importantes que o porvir?
Sonhos de um coração inquieto
Que na ansiedade de satisfazer-se
Afogado na ilusão
De encontrar no passageiro
A eterna felicidade
Se fez cego diante das evidências
De uma escolha sem sentido
Mas onde haveria sentido
Que não na paixão de um coração juvenil?
Ora, de que valem as escolhas
Se não para afagar
A necessidade de se aventurar
Pelo infinito desconhecido?
O sentido da vida está na jornada
No propósito que a ela se dá
Ao encontrar a si mesmo no entrelaçar do tempo
Será o tempo, contudo, capaz de unir
As duas pontas da vida?
Até que chegue o momento
Quantos serão os sonhos
Sonhados em vão?
Estaremos nós abandonados
A mercê de um futuro
Que nos devora
Na incerteza do amanhã?
Uma única certeza nos acompanha
Desde o sacro ventre até o seio da terra
O tempo chegará
E, implacável, consumirá
Os sonhos
As incertezas
E a nós mesmos
Vivenciar a amargura
Daquilo que nunca fui
Sentir falta do não vivido
Como se fosse assolado
Por uma grande perda
Do que jamais tive
Sonhos desfeitos pelo tempo
E também pelas más escolhas
Tempo, que agora nos cobra
Voraz, nos devora
Como se um piscar de olhos
Fosse suficiente
Para nos separar de nós mesmos
No desalento daquilo que poderia ser
Mas jamais será
De onde viria, porém, a sabedoria
Senão dos erros cometidos?
Comedidos? Nem um pouco
Na sede impulsiva
De uma juventude
Que jamais retornará
Um sonho perdido no passado
Apenas mais um entre tantos outros
Que um dia já deixei de sonhar
Mas não foram outrora os sonhos
Mais importantes que o porvir?
Sonhos de um coração inquieto
Que na ansiedade de satisfazer-se
Afogado na ilusão
De encontrar no passageiro
A eterna felicidade
Se fez cego diante das evidências
De uma escolha sem sentido
Mas onde haveria sentido
Que não na paixão de um coração juvenil?
Ora, de que valem as escolhas
Se não para afagar
A necessidade de se aventurar
Pelo infinito desconhecido?
O sentido da vida está na jornada
No propósito que a ela se dá
Ao encontrar a si mesmo no entrelaçar do tempo
Será o tempo, contudo, capaz de unir
As duas pontas da vida?
Até que chegue o momento
Quantos serão os sonhos
Sonhados em vão?
Estaremos nós abandonados
A mercê de um futuro
Que nos devora
Na incerteza do amanhã?
Uma única certeza nos acompanha
Desde o sacro ventre até o seio da terra
O tempo chegará
E, implacável, consumirá
Os sonhos
As incertezas
E a nós mesmos
terça-feira, 4 de junho de 2019
quarta-feira, 29 de maio de 2019
Despedida
Sem qualquer aviso e sem sinal
Veio como um golpe fulminante
Tão brevemente como um instante
O que era eterno se fez final
Numa forma tão vil e brutal
O que parecia tão distante
Logo transmutou-se em lancinante
Sofrimento nunca visto igual
De tua presença a despedida
Na insensível realidade
Da qual não se encontra uma saída
Degladio-me com a verdade
Não aceito, de tua partida,
Viver somente em saudade
Veio como um golpe fulminante
Tão brevemente como um instante
O que era eterno se fez final
Numa forma tão vil e brutal
O que parecia tão distante
Logo transmutou-se em lancinante
Sofrimento nunca visto igual
De tua presença a despedida
Na insensível realidade
Da qual não se encontra uma saída
Degladio-me com a verdade
Não aceito, de tua partida,
Viver somente em saudade
Saudades
Vil é o tempo
Que impiedoso nos impõe a finitude
Do humano a vicissitude
"Do pó ao pó"
Ilusão do que outrora eterno
Num instante se fez efêmero
O existir na falta
Do temor à realidade
Conotativo manto
Do mítico ceifeiro
Encobre o que se sempre se fez presença
E agora sobrevive na lembrança
Das incertezas de um sono eterno,
Prometida salvação ou um mero não ser
Ampara-me a vã esperança
De estar fadado à sorte
De quem, por toda a vida,
Esteve errado sobre a morte
Que impiedoso nos impõe a finitude
Do humano a vicissitude
"Do pó ao pó"
Ilusão do que outrora eterno
Num instante se fez efêmero
O existir na falta
Do temor à realidade
Conotativo manto
Do mítico ceifeiro
Encobre o que se sempre se fez presença
E agora sobrevive na lembrança
Das incertezas de um sono eterno,
Prometida salvação ou um mero não ser
Ampara-me a vã esperança
De estar fadado à sorte
De quem, por toda a vida,
Esteve errado sobre a morte
Vista Cansada
Com um olhar distante e profundo
Seus olhos fitavam o mundo
Suas pálpebras caídas
Carregando o peso da tristeza
De uma vida mal vivida
Adornadas pelas rugas
Que não eram muitas nem poucas
Mas que escreviam uma história única
De seus sessenta e poucos anos
No canto da boca, um sorriso amarelo
Buscando disfarçar sem sucesso
Uma esperança vazia
De viver, quem sabe,
Algum outro dia
Seus olhos fitavam o mundo
Suas pálpebras caídas
Carregando o peso da tristeza
De uma vida mal vivida
Adornadas pelas rugas
Que não eram muitas nem poucas
Mas que escreviam uma história única
De seus sessenta e poucos anos
No canto da boca, um sorriso amarelo
Buscando disfarçar sem sucesso
Uma esperança vazia
De viver, quem sabe,
Algum outro dia
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